.
Uma fábula oriental descreve um ajuntamento de ociosos em pequeno mercado nos arredores de Jerusalém, em torno de um cão morto que ainda mostrava, amarrada no pescoço, a corda com que o haviam arrastado pelo chão. Os que o cercavam, olhavam-no com repugnância.
- Empesta o ar - disse um, apertando o nariz com os dedos e enjeitando uma careta de nauseado.
- Reparem na sua pele rasgada quem nem para correias de sandálias serve - galhofava outro.
- Um egípcio corpulento aludiu às orelhas sujas e sangrentas do animal, e rematou com voz empastada:
- Foi, sem dúvida, enforcado por ladrão.
Desse grupo de homens aproximou-se um desconhecido que ouvir os diversos comentários. Em seu rosto resplandecia estranha luz e todo o seu porte indicava dignidade fora do comum. Pondo os olhos meigos no animal morto e vilipendiado, disse em seu belo e límpido arameu:
- As pérolas desmerecem diante da alvura dos seus dentes.
Todos os circunstantes voltaram-se para ele com assombro, e, vendo-o tão sereno e compadecido, indagavam, entre-dentes, uns aos outros, que poderia ser aquele homem. E retiraram-se cabisbaixos, envergonhados, quando alguém alvitrou: "Deve ser Jesus, o rabi de Nazaré, que só Ele sabe encontrar qualquer coisa digna de piedade e aprovação, até mesmo num cão morto!"
.
NOTA: Cfr. Malba Tahan - "lendas do Céu e da Terra", 9ª eição, página 180. Convém reler a nta que se encontr na pagina 129, na qual se justiifica a inclusão, nesta Antologia, dos ensinamentos de Jesus.
Nenhum comentário:
Postar um comentário