domingo, 9 de abril de 2023

O CÃO MORTO - Por Malba Tahan

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     Uma fábula oriental descreve um ajuntamento de ociosos em pequeno mercado nos arredores de Jerusalém,  em torno de um cão morto que ainda mostrava,  amarrada no pescoço, a corda com que o haviam arrastado pelo chão. Os que o cercavam, olhavam-no com repugnância. 

      - Empesta o ar - disse um, apertando o nariz com os dedos e enjeitando uma careta de nauseado. 

       - Reparem na sua pele rasgada quem nem para correias de sandálias serve - galhofava outro. 

        - Um egípcio corpulento aludiu às orelhas sujas e sangrentas do animal, e rematou com voz empastada: 

         - Foi, sem dúvida, enforcado por ladrão.

         Desse grupo de homens aproximou-se um desconhecido que ouvir os diversos comentários. Em seu rosto resplandecia estranha luz e todo o seu porte indicava dignidade fora do comum. Pondo os olhos meigos no animal morto e vilipendiado, disse em seu belo e límpido arameu:

          - As pérolas desmerecem diante da alvura dos seus dentes.  

          Todos os circunstantes voltaram-se para ele com assombro, e, vendo-o tão sereno e compadecido, indagavam, entre-dentes, uns aos outros, que poderia ser aquele homem. E  retiraram-se cabisbaixos, envergonhados, quando alguém alvitrou: "Deve ser Jesus, o rabi de Nazaré, que só Ele sabe encontrar qualquer coisa digna de piedade e aprovação, até mesmo num cão morto!"

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NOTA: Cfr. Malba Tahan - "lendas do Céu e da Terra", 9ª eição, página 180. Convém reler a nta que se encontr na pagina 129, na qual se justiifica a inclusão, nesta Antologia, dos ensinamentos de Jesus.  

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